Por: Márcia Nunes
Cientistas do Instituto Federal de Tecnologia da Suécia e da Scuola Superiore Sant’Anna, em Itália, desenvolveram um dispositivo chamado OpticSELINE, com elétrodos intraneurais que estimulam o nervo ótico com a sensação de luz, com a esperança de ativar o córtex visual, que levaria a restaurar a visão de cegos. Esta técnica já foi testada com sucesso em coelhos.
Até ao momento as técnicas utilizadas para solucionar este problema envolviam procedimentos cirúrgicos, que são clinicamente seletivos, no caso de implastes retinais prostéticos, ou então, através de um procedimento arriscado, colocando implantes cerebrais para a estimulação do córtex visual. Esta solução intraneural minimiza a exclusão de critérios já que o caminho entre o nervo ótico e o cérebro estão normalmente intactos.
O sucesso desta tecnologia deve-se à formação de fosfenos, que consistem na experiência de ver luz sem que ela realmente entre no olho. Nesta experiência, os fosfenos consistiam em anéis de luz produzidos através da aplicação de pressão no córtex visual.
Experiências foram feitas com um tipo de elétrodos rígidos, ”cuff nerve electrodes”, que se movem, que leva a um estímulo elétrico instável das fibras nervosas, que faz com que os pacientes vejam coisas diferentes.
Assim, tiveram de os substituir por elétrodos intraneurais, que são mais estáveis e não se movem tanto. Os elétrodos rígidos são implantados à volta do nervo e os intraneurais atravessam-no.
O dispositivo OpticSELINE é composto por uma matriz de 12 elétrodos intraneurais para entregar corrente elétrica ao nervo ótico e medir a atividade cerebral no córtex visual. Desta forma, foi possível verificar o quão eficazes são estes elétrodos a estimular as várias fibras nervosas.
Através de um algoritmo foi possível ainda traduzir os sinais do córtex e verificou-se que cada elétrodo cria um padrão específico de ativação cortical, mostrando seletividade da estimulação intraneural do nervo ótico.
Quando esta experiência é realizada em humanos, o OpticSELINE pode ser formado por elétrodos intraneurais, com quantidades a variar entre 48 e 60. Apesar de esta quantidade não conseguir restaurar por enquanto a visão, os sinais recolhidos podem ser manipulados e analisados de forma a serem suficientes para que cegos possam realizar tarefas diárias.
Fonte: ScienceDaily