O papel do smartphone no diagnóstico precoce de Alzheimer

Um estudo publicado por investigadores da universidade do Arizona revelou que um vídeo jogo pode ajudar a identificar fases precoces da doença de Alzheimer, que não são possíveis identificar com os testes médicos atuais.

A doença de Alzheimer é uma patologia neurodegenerativa que provoca perda de memória gradual e declínio cognitivo, tornando-se incapacitante, nas atividades do quotidiano. Num estado inicial o paciente pode simplesmente esquecer-se do que lhe foi dito há 10 minutos atrás, mas em estados mais avançados da doença o paciente pode vaguear pela rua sem saber como regressar a casa. Esta patologia torna os pacientes complemente dependentes de outrem, tornando-se um encargo para as famílias, também elas em sofrimento.

Com o aumento da população envelhecida o número de sujeitos a sofrer com esta condição aumenta, bem como os custos de saúde associados à mesma.

gráfico
Figura 1- Estatistíca sobre a incidência de Alzheimer em 2017 e 2018, divulgadas pela Organização Mundial de Saúde. Fonte: Healthline.

Embora as causas exatas da doença sejam desconhecidas, alguns especialistas indicam mutação genética como uma possível causa, mas é provável que resulte da combinação de fatores genéticos, ambientais e do próprio estilo de vida.

A prevenção e deteção precoce têm sido alvo de intensos estudos, nomeadamente investigadores têm-se debruçado sobre possíveis biomarcadores digitais que possam ser fornecidos pela nossa interação diária com os smartphones. Embora esta investigação esteja ainda numa fase inicial o smartphone já faz parte do processo de diagnóstico precoce desta condição.

Um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences revela que jogar por apenas alguns minutos um vídeo-jogo pode ajudar a identificar Alzheimer, em estados precoces desta patologia, de uma forma que não é possível com os testes médicos atuais.

Neste estudo foi usada uma aplicação para smartphone chamada Sea Hero Quest (SHQ), para monitorizar mais de 27.000 participantes com idades entre os 50 e os 75 anos, com e sem predisposição genética para desenvolver esta patologia. Sendo que a navegação espacial tem emergido como um fator crítico para identificar Alzheimer, foi analisado como os participantes se orientavam neste mundo virtual, usando os polegares para mover um pequeno barco por uma série de labirinto marítimos.

jogo
Figura 2- Aspeto da aplicação para smartphone Sea Hero Quest. Fonte: www.telekom.com

O estudo suporta a hipótese de discrepâncias na navegação estarem presentes em sujeitos com Alzheimer por diagnosticar e que estas podem ser capturadas pelo SHQ. Desta forma os dados gerados pela utilização da aplicação podem no futuro ajudar a criar um teste de prognóstico baseado na eficiência de navegação dos sujeitos.

Existem ainda estudos a ser feitos no sentido de identificar outras caraterísticas que podem ser indicativas desta patologia e que possam ser captadas através dos nossos smartphones, como por exemplo a maneira como andamos ou como falamos.

Os nossos telemóveis revelam-se então como um dispositivo médico essencial, fornecendo dados comportamentais e cognitivos que podem ser de grande relevo no diagnóstico e tratamento de diversas patologias sobre as quais existe ainda pouca informação.