No último ano da Licenciatura em Engenharia Biomédica e Biofísica, os alunos têm a oportunidade de realizar um estágio curricular que tem como objetivo permitir um primeiro contacto com o mundo do trabalho e da investigação na área da Engenharia Biomédica. Cada aluno pode candidatar-se, assim, a um projeto à sua escolha nos vários centros de investigação, hospitais e empresas, em Portugal ou no estrangeiro.
Neste âmbito, a NE2B2 traz-vos a rúbrica “Conversas de Estágio”, onde recebemos diversos convidados que nos contam um pouco sobre a sua experiência nesta fase tão importante do curso. Esta semana tivemos como convidada Hayanna do Valle, aluna do 1º ano de mestrado.
[Hayanna] - Eu realizei o estágio em Itália, na Universidade Federico II de Nápoles, mais precisamente, no ICAROS Lab.
[Hayanna] - Além do tema me ter interessado, eu sempre tive curiosidade sobre o sul de Itália no verão, portanto além de uma experiência de estágio também teria uma experiência de um verão bem aproveitado. A “capital”/cidade grande do sul da Itália seria Nápoles, sendo esta a minha escolha.
[Hayanna] - A maior dificuldade foi ter respostas ou então ter uma resposta demorada por parte da instituição de acolhimento. Muitos locais não respondiam sequer aos mails mandados, o que tornou o processo um pouco chato e inseguro. Além disso, muitos recusaram devido à situação pandêmica.
[Hayanna] - (1) Não esperes que uma instituição responda para mandares mail para outras instituições, manda imensos mails, tens mais chances assim ; (2) Mesmo que sejas aceite num projeto que não é tanto do teu interesse, não recuses logo, analisa as opções, podes acabar por gostar do projeto; (3) Não escolhas um local apenas pelo estágio, vais estar lá por volta de 3 meses, tens que estar num local onde te sintas confortável.
[Hayanna] - Sempre tive interesse em próteses robóticas, e então quando vi esta oportunidade num local do meu interesse, não hesitei.
[Hayanna] - Neste local em específico não recomendaria. Não senti que a instituição de acolhimento se esforçou muito para efetivamente nos acolher, não tínhamos um local de trabalho apropriado, tanto que acabamos o estágio a trabalhar de casa. Acho que em outros locais eu poderia ter vivido uma experiência de estágio mais verdadeira e melhor. Senti uma certa desorganização por parte da instituição de acolhimento.
[Hayanna] - Senti que os nossos colegas de trabalho não eram assim tão acolhedores, muitas vezes falavam apenas na sua língua (italiano), o que dificultava também a nossa integração.
[Hayanna] - A nível profissional só encontrei dificuldades na relação com o laboratório em que estávamos inseridas, mas ao nível do trabalho não encontrei dificuldades.
[Hayanna] - Os horários eram bastantes flexíveis, e talvez demasiado flexíveis. Sinto que precisávamos de mais regras para viver uma experiência mais verdadeira de estágio.
[Hayanna] - Sim, o facto de ter aprendido a trabalhar com o SolidWorks facilitou bastante a que eu conseguisse trabalhar neste projeto.
[Hayanna] - CAD software. Não sinto que aprendi nada de novo, apenas melhorei as minhas skills em CAD software.
[Hayanna] - Os pontos positivos é que uma cidade bastante barata, tanto em termos de alimentação e de alojamento, e acho que para nós estudantes é algo essencial. Além disso, é bastante fácil deslocar-se por lá, tanto à pé como de transportes.
Alguns dos aspetos negativos que podem ser mencionados são: sujidade da cidade, pessoas não tão bem-educadas, transportes não tão bem conservados, trânsito bastante perigoso.
[Hayanna] - Nada, penso que até era razoável.
[Hayanna] - Foi um processo difícil, contactar diversos alojamentos e não resultar em nada. Por vezes nem sequer respondiam se o contacto fosse em inglês. Além disso, as imobiliárias de Nápoles cobram uma taxa de cerca de 500€ por serviço, o que é quase o preço do aluguer que iríamos pagar. Pelo que, as nossas opções estavam reduzidas às casas que não eram gerenciadas por agências imobiliárias.
[Hayanna] - Sim, como por exemplo, nos supermercados os funcionários não eram nada educados, manuseavam as nossas compras de uma forma completamente bruta, muitas vezes nem sequer diziam um “Bom dia”, o que é algo muito estranho para nós.
[Hayanna] - Conhecer e explorar um novo país, treinar outras línguas, sentir-me mais independente.
[Hayanna] - Estar longe da família, ter que ser muitas vezes uma ‘dona de casa’.
[Hayanna] - A comunicação não foi assim tão fácil, porque lá não falavam inglês, era muito raro e mesmo quando falavam era muito pouco, difícil de se comunicar pelo inglês. Ao fim de um tempo notamos que era mais fácil falar um italiano misturado com português do que tentar falar em inglês. Passado algum tempo já percebíamos mais de italiano, o que se tornou mais fácil.
[Hayanna] - Nós conseguimos ter bastante tempo para passear porque o nosso horário era demasiado flexível. Além disso, o nosso trabalho era bastante simples e conseguia ser despachado rapidamente, sobrando bastante tempo para passeios.
[Hayanna] - Não exatamente, mas se procuram um sítio barato e que dê para passear pela costa Amalfitana no verão, penso que será uma boa experiência.
[Hayanna]- Aprendi a ser bastante independente tanto na minha vida pessoal como na minha vida profissional, não esperar que alguém mande fazer algo.
[Hayanna] - É sempre uma vantagem para o currículo um estágio no estrangeiro.
[Hayanna] - Aconselho que verifiquem bem as condições do vosso estágio, de forma a assegurarem que vão ser bem recebidos e que têm um local apropriado de trabalho. Além disso, verifiquem também se o país de acolhimento é realmente um bom destino e que vocês consigam aproveitar não só a experiência de estágio, mas também terem uma boa experiência a nível de prazer.