Conversas de Estágio - Henrique Lopes

Por: Maria Gonçalves

Esta semana na rúbrica “Conversas de Estágio” tivemos como convidado Henrique Lopes, aluno do 1º ano de mestrado, que nos contou um pouco acerca da sua experiência de estágio no 3º ano do curso.

[Maria] - Obrigado, em nome do NE2B2, por teres aceitado este convite e por cederes parte do teu tempo para participar nesta rúbrica. Primeiramente, em que local realizaste o estágio?

               [Henrique] - O meu estágio de terceiro ano foi realizado no Institute for Systems and Robotics (ISR) do Instituto Superior Técnico, no Evolutionary Systems and Biomedical Engineering Lab (LaSEEB), sob a orientação do Professor Agostinho Rosa.

[Maria] - Tens algum motivo em especial para teres decidido realizar o estágio em Portugal, em vez de procurar uma oportunidade no estrangeiro?

               [Henrique] - Ponderei a hipótese de ir para o estrangeiro, e cheguei a procurar oportunidades nalguns países. No entanto, encontrei o ISR, no qual a investigação realizada se foca nas áreas que me interessam. Considero que a experiência profissional em Portugal é tão enriquecedora como fora, e em plena pandemia, uma experiência no estrangeiro não me pareceu cativante.

[Maria] - Podes enumerar as maiores vantagens e desvantagens desta tua decisão?

               [Henrique] - Relativamente a ficar em Portugal, não senti que tenham existido quaisquer desvantagens. Quanto ao estágio em si, a principal desvantagem, foi o facto do meu trabalho não exigir que estivesse no laboratório e, portanto, foi tudo feito remotamente, o que por vezes foi limitante para tirar dúvidas com o meu orientador. 

[Maria] - Quais foram as maiores dificuldades que encontraste durante o processo de procura de local de estágio?

               [Henrique] - Comecei a procurar estágio em Lisboa, visto que já tinha alojamento cá. No site do ISR encontrei o LaSEEB, onde se realiza investigação em Neuroengenharia - o sono e a cognição, duas áreas que me despertam interesse. Felizmente, todo o processo, de procura e aceitação, foi bastante rápido. Primeiramente contactei a Prof. Patrícia Figueiredo, a coordenadora do LaSEEB. No entanto, a Professora estava indisponível para receber um estágio no período respetivo. Por conselho da mesma enviei e-mail ao Prof. Agostinho Rosa, que me respondeu rapidamente.

[Maria] - Fala-nos um pouco sobre o projeto que vieste a desenvolver no ISR.

               [Henrique] - O projeto no qual fui inserido já tinha sido iniciado há vários anos, uma década, se não estou em erro. O objetivo principal é estudar sinais de EEG do sono através de representações simbólicas dos mesmos. O conjunto de símbolos foi desenvolvido pelo grupo de investigação do Prof. Agostinho Rosa.

O meu trabalho foi procurar padrões nos sinais de várias pessoas de grupos diferentes, como pessoas sem patologias, pessoas com esquizofrenia e pessoas com depressão, com as técnicas que achasse mais úteis. Ou seja, tinha de encontrar relações entre determinados símbolos do EEG do sono e as fases em se divide o mesmo, por exemplo.

[Maria] - O que te levou a escolher esta área da Engenharia Biomédica?

               [Henrique] - Achei muito interessante a possibilidade de estudar um sinal fisiológico através de uma representação simbólica e a possibilidade de tirar elações sobre o sono que não seriam possíveis, ou seriam muito mais complicadas de perceber, através do sinal do EEG do sono normal.

[Maria] - A integração no ambiente de trabalho/investigação foi fácil?

               [Henrique] - Não houve propriamente integração num ambiente ou equipa, já que eu era o único a trabalhar naquele projeto no momento. Relativamente à investigação em si, por ter sido realizado remotamente, tive muita independência em relação à forma como queria abordar o problema e chegar a resultados, e por isso exigiu muita pesquisa individual para perceber que passos dar.

[Maria] - Quais foram os maiores desafios que encontraste a nível profissional? 

               [Henrique] - A organização do meu dia foi algo com que me debati. No entanto, foi algo que senti que foi melhorando à medida que os meses de estágio foram passando.         

[Maria] - Recomendarias a realização do estágio no ISR aos teus colegas?

               [Henrique] - Sim, sem dúvida. Foi uma experiência muito boa, mesmo, que remota. Acredito que uma experiência com mais dias no laboratório, com contacto com a restante equipa e com o orientador fosse ainda mais enriquecedora.

[Maria] - Quais são as principais competências que esta experiência te trouxe que poderás utilizar mais tarde na tua vida profissional?

                [Henrique] - O estágio permitiu-me adquirir maior independência nas tarefas realizadas, pensamento crítico, melhores competências em estatística, e ampliei consideravelmente os meus conhecimentos na fisiologia do sono.

[Maria] - De que forma o estágio complementou a tua formação académica?

                [Henrique] - De modo geral, o estágio curricular permite-nos ter um contacto com a investigação científica e com o ambiente em que é feita. A meu ver o meu estágio cumpriu o seu propósito. Para além disso, permitiu completar conhecimentos adquiridos durante o 1º ciclo do curso. Por outro lado, permitiu-me ter contacto com conhecimentos e técnicas que não ia ter de outra forma durante o curso.

[Maria] - Por fim, que conselho deixarias aos colegas que irão realizar estágio no futuro?

               [Henrique] - O melhor conselho que posso deixar é que aproveitem a experiência toda, tanto a nível profissional como a nível pessoal. Antes de irem para estágio, comecem cedo a procurar os locais e a enviar os mails, para ao longo do processo nunca ficarem muito sobrecarregados.

 

[Maria] - Obrigada por esclareceres algumas das dúvidas que poderão surgir nos colegas mais novos. Em nome do NE2B2, agradeço a tua colaboração!