Conversas de Estágio - Beatriz Monteiro

Por: Maria Gonçalves

Esta semana na rúbrica “Conversas de Estágio” tivemos como convidada Beatriz Monteiro, aluna do 1º ano de mestrado, que nos contou um pouco acerca da sua experiência de estágio no 3º ano do curso.

[Maria] - Obrigado, em nome do NE2B2, por teres aceitado este convite e por cederes parte do teu tempo para participar nesta rúbrica. Primeiramente, em que local realizaste o estágio?

               [Beatriz] - Departamento de Neurociências da Faculdade de Medicina da KU Leuven, Bélgica.

[Maria] - O que te levou a decidir realizar o estágio no estrangeiro e, em particular, em Leuven, na Bélgica?

               [Beatriz] - Sempre soube que queria realizar o estágio no estrangeiro para conseguir ter a experiência de viver fora do meu país e escolhi Leuven pelo prestígio da Universidade KU Leuven.

[Maria] - Quais foram as maiores dificuldades que encontraste durante o processo de procura de local de estágio?

               [Beatriz] - A minha maior dificuldade foi conseguir lidar com a falta de resposta aos e-mails enviados, o que é muito comum neste processo de encontrar um local de estágio. Antes de começar a enviar os e-mails pensei que este seria um processo muito mais rápido do que foi na realidade, pelo que inicialmente tive alguma dificuldade em gerir as expectativas.

[Maria] - Enumera algumas dicas que darias aos colegas que pretendem realizar o estágio no estrangeiro no que toca a todo o processo de contacto de instituições.

               [Beatriz] - Para mim foi mais fácil encontrar, primeiramente, projetos que achasse interessantes dentro da instituição. A partir do momento em que encontrava um projeto no qual gostasse de estagiar, enviava e-mails para os contactos associados.

Se ao fim de alguns dias não tiverem obtido nenhuma resposta, uma alternativa poderá ser contactar algum estudante de doutoramento envolvido no projeto.

Outra dica que considero relevante é enviarem um e-mail sucinto. Enviar um e-mail extenso e com muita informação acredito que diminua a probabilidade de obter uma resposta ao mesmo.

[Maria] - Fala-nos um pouco sobre o projeto que vieste a desenvolver no teu local de estágio. O que te levou a escolher esta área da Engenharia Biomédica?

               [Beatriz] - Neurociências sempre foi uma área que me despertou muito interesse. Tendo a oportunidade de realizar um estágio e escolhendo esta área, seria uma forma de perceber se realmente me via a trabalhar futuramente na mesma.

[Maria] - Recomendarias a realização do estágio neste local aos teus colegas?

               [Beatriz] - Totalmente.

[Maria] - A integração no ambiente de trabalho/investigação foi fácil?

               [Beatriz] - A primeira semana foi a mais complicada porque era tudo novo e muita coisa para aprender, mas toda a gente envolvida no projeto foi muito prestável e sempre me deixou à vontade para pedir ajuda quando precisava.

[Maria] - Quais foram os maiores desafios que encontraste a nível profissional? 

               [Beatriz] - A maior dificuldade que encontrei foi lidar com a realidade da testagem em animais diariamente.

[Maria] - Como era o ritmo de trabalho? Tinhas um horário exigente?

               [Beatriz] - Embora não me tivesse sido dado um horário fixo, eu ia todos os dias para o laboratório às 9h e saía quase sempre às 17h.

[Maria] - Enumera algumas das skills profissionais que pudeste desenvolver através do teu estágio. O que aprendeste de novo?

                [Beatriz] -Aquisição de dados resultantes da estimulação de elétrodos e análise de dados.

[Maria] - E agora passando à experiência de morar no estrangeiro em si. Fala um pouco sobre a tua cidade de destino. Quais são alguns dos seus pontos positivos? E negativos? 

                [Beatriz] - Leuven é uma cidade relativamente pequena e com muitos estudantes, não tem muita confusão e está-se sempre perto de tudo. Estando a 30 minutos de Bruxelas permite conhecer outras cidades muito facilmente.

O único ponto negativo que encontrei foi o clima, tendo em conta que o estágio foi no verão e foram poucas as vezes que o tempo esteve bom.

[Maria] - O custo de vida era elevado?

               [Beatriz] - Sim.

[Maria] - Como foi todo o processo de encontrar alojamento?

               [Beatriz] - Foi complicado na medida em que havia pouca oferta e o que havia era muito caro. Ao fim de muitas semanas à procura de alojamento, a melhor opção acabou por ser alugar um Airbnb.

[Maria] - A adaptação a um novo país com uma cultura diferente nem sempre é fácil. Lembras-te de alguns episódios da tua experiência inicial que aches interessante realçar?

               [Beatriz] - A minha adaptação à Bélgica foi muito tranquila. Talvez por Leuven ser uma cidade mais pequena, não senti grande dificuldade em adaptar-me à nova realidade.

[Maria] - Quais foram, para ti, as maiores vantagens de ter realizado o estágio no estrangeiro?

               [Beatriz] - Foram todas as aprendizagens exteriores ao estágio, associadas a viver sozinha num país diferente.

[Maria] - E as maiores desvantagens?

                 [Beatriz] - Foi ter escolhido um país com um clima completamente diferente de Portugal.

[Maria] - E quanto à língua falada no país escolhido por ti? A comunicação foi fácil? Conseguiste melhorar as tuas skills linguísticas?

               [Beatriz] - Falei sempre em inglês, tanto dentro como fora do laboratório, pelo que senti uma grande diferença no mesmo ao longo dos 3 meses.

[Maria] - Certamente que muitos dos colegas mais novos se devem questionar sobre como conciliar o trabalho com viajar e explorar um país diferente. Podes falar um pouco sobre a tua experiência pessoal? Conseguiste ter tempo para “passear”?

               [Beatriz] - Como trabalhava todos os dias da semana, a única forma era aproveitar a sexta à tarde e o fim de semana.

[Maria] - Por fim, gostaríamos que partilhasses alguns pensamentos gerais finais sobre a tua experiência. Em geral, aconselharias um colega a realizar o estágio na tua cidade de destino?

                [Beatriz] - Recomendo totalmente.

[Maria] - Quais são as principais competências que esta experiência te trouxe que poderás utilizar mais tarde na tua vida profissional?

               [Beatriz]- Ser autodidata e a importância de trabalhar em equipa.

[Maria] - De que forma o estágio complementou a tua formação académica?

                [Beatriz] - Foi importante fazer a relação entre a parte teórica aprendida ao longo da licenciatura com a parte prática possível devido ao estágio.

[Maria] - Que conselhos deixarias aos colegas que irão realizar estágio no futuro

               [Beatriz] - Não serem demasiado exigentes convosco e não se esquecerem que estão lá para aprender, ninguém espera que saibam tudo.

 

[Maria] - Obrigada por teres dispensado um pouco do teu tempo para esclarecer algumas das dúvidas que poderão surgir com os colegas mais novos. Em nome do NE2B2, agradeço a tua colaboração!